A ideia
de que cuidar das finanças e da contabilidade não é coisa para advogados já não
faz muito sentido. O profissional de Direito que domina outras áreas que não
sejam apenas as técnicas que envolvem sua profissão ficam mais bem preparados
para o mercado de trabalho. Entender de finanças e cálculos pode não apenas
preparar melhor o profissional como auxiliá-lo a ter independência nos
negócios. Para Luís Fernando Camargo, perito judicial e palestrante sobre
gestão financeira e contábil na 10ª edição da Fenalaw, a falta de
acompanhamento de um contador prejudica em muitos momentos, inclusive na hora
de formular quesitos para o perito judicial. “Muitas vezes os quesitos deveriam
conduzir o perito a alguns aspectos que sejam convenientes para a parte
envolvida. Tem gente que pega os quesitos de outros processos e replica, mas
são coisas diferentes. Cada processo tem uma história diferente”, afirma.
Para
Camargo, Contabilidade e o Direito se complementam na medida em que o Direito
discute o mérito da questão e o contador quantifica esse método. “Os profissionais
do Direito de um modo geral discutem o mérito da questão. E só o contador é
quem vai dizer qual é o valor do mérito. Por exemplo, você entra com uma ação
contra um banco. Você acha que o banco te cobrou a mais. O juiz pode dizer que
o contrato está viciado, que tem erros no contrato. Agora qual é o montante
correto da sua dívida? É o contador que vai dizer”.
Para
muitos especialistas, não existe um incentivo, desde a faculdade até no
exercício da profissão, para que o advogado se interesse pelas questões
financeiras que envolvem seu trabalho. Algumas noções básicas sobre
contabilidade são imprescindíveis, como por exemplo, entender o princípio de
competência do exercício, ou seja, as despesas precisam ser reconhecidas no
momento em que o valor é agregado e não só no momento do pagamento. Porém, não
existe entre os advogados de um modo geral a cultura de andar de braço dado com
o contador.
“Muita
gente escolhe a faculdade de Direito e acha que não vai ver matemática. Tudo
bem, ninguém tem que conhecer de tudo. Mas faz falta essa cultura de o advogado
reconhecer que não apesar de não ser a área dele, ele precisa ter uma parceria
em todas as etapas do processo de seu trabalho, desde o início”, coloca
Camargo.
Geralmente,
os escritórios solicitam um contador quando o processo já começa a entrar em
fase de execução. Muitos preferem fazer isso para postergar o gasto, mas também
por falta de informação da relevância de se ater a isso desde o início. “As
partes nomeiam um assistente técnico para dar o valor, que normalmente usam
critérios diferentes para apurar esse valor. O juiz nomeia um perito contábil
para dizer dentro do critério objetivo qual é o montante. Mas não existe uma
cultura de já na preparação do processo apresentar um aspecto técnico dos cálculos”,
finaliza o especialista.
Fonte:
Portal Última Instância – UOL